Coluna: Programas policiais – O telespectador não precisa disso

Coluna: Programas policiais – O telespectador não precisa disso

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Olá, queridos leitores! Quantas vezes o público já se perguntou a razão de programas policiais ocuparem a grade de programação de algumas emissoras, e mais, ocupar a programação da emissora por horas. A maioria é objetiva, diz que os programas continuam no ar por falta de interesse das emissoras em criar algo novo para o horário, além do medo de investir e não ter o lucro desejado.

Os programas do gênero começaram na década de 90 quando as emissoras escandalizaram na criação de programas policiais (o “Aqui Agora” é lembrado até hoje como referência no assunto). De lá para cá, dois programas resistiram ao tempo, o “Cidade Alerta” da Rede Record e o “Brasil Urgente” da TV Bandeirantes. São programas que entram no ar no final da tarde (“Brasil Urgente” começa às 16h15 e o “Cidade Alerta” entra no ar às 16h45), e se estendem até a noite (“Brasil Urgente” até às 19h20 e o “Cidade Alerta” até às 20:30). Nesse intervalo, emissoras como Globo e SBT apresentam na soma mais de nove programas. São fatos que mostram a falta de criatividade na TV aberta.

Televisão foi criada para entreter e informar o telespectador, quando você liga a sua TV e vê corpos jogados no chão por uma chacina, uma perseguição policial pela cidade e um estupro onde uma criança foi a vítima, você está prestando um desserviço à sociedade. Uma tragédia não pode virar um espetáculo. Por falar em espetáculo, mais que “espetacularizar” as mazelas da sociedade, os programas são comandados por verdadeiros showmen que faz você rir em frente à TV observando os seus bordões, gestos e modo de falar quando apresentam um caso policial.  Por que você está rindo, afinal, estamos vendo um programa policial, não?

Os programas estão no ar porque de fato são lucrativos para a emissora e não por prestarem serviço a sociedade e contribuindo para que a polícia possa prender os marginais que povoam a nossa cidade. Quando mostrar uma poça de sangue ao lado de um defunto é algo que deve ser mostrado na TV, onde estão os tradicionais agora? Basta de sangue, violência e tragédias na televisão, o telespectador não precisa disso.

O público pergunta a razão de algumas emissoras não investir no gênero. Nós temos exemplos de programas policias que fracassaram no SBT e em poucos meses saíram do ar. O problema é que o público não quer os fatos jornalísticos de um caso policial, mas um apresentador que te faça rir da desgraça alheia. Em outros países existem inúmeros programas jornalísticos que mostram de forma diferente e porque não dizer, mais suaves e informativos, diferente do que estamos acostumados a ver no Brasil. Quando o público entender o que programas como o “Brasil Urgente” e o “Cidade Alerta” fazem de ruim para a sociedade, talvez abram a mente para novas propostas e as emissoras possam investir e criar algo no lugar.

Um fato interessante aconteceu no Uruguai quando o presidente era José Mujica. Antes de zerar morte por tráfico, o país proibiu os programas policiais.

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