Confira os bastidores de “Brega & Chique”, que está de volta no Canal Viva

Vem aí mais uma novela campeã de audiência no Viva. Trata-se de Brega & Chique, do saudoso Cassiano Gabus Mendes e que, conforme comentou a diretora do canal, Daniela Mignani, em entrevista exclusiva para o Bastidores da TV, é uma das novelas mais pedidas pelos telespectadores do Viva. A novela chega para substituir Selva de Pedra, a partir de hoje, 19 de fevereiro, na faixa das 14h30 (com reprise à 00h45).
Antes do início da reprise de Brega & Chique, resgatamos fatos e rumores que precederam a estreia original da trama, em 1987. Detalhes de escalação, bastidores e algumas outras informações. Confira.
UM MÊS PARA DA ESTREIA
Diferente das tramas de hoje, que estão em fase de desenvolvimento com um ano ou mais de antecedência, Brega & Chique ainda tinha detalhes a serem acertados em março de 1987, pouco menos de um mês antes da sua estreia, segundo noticiado pela imprensa daquela época.
A previsão de estreia era 27 de abril, substituindo Hipertensão, de Ivani Ribeiro. Mas, Brega & Chique teve seu primeiro capítulo antecipado e exibido logo em 20 de abril. No entanto, mesmo com a antecipação da estreia, as gravações só começaram em março de 1987, ou seja, apenas um mês antes do debute. O autor, Cassiano Gabus Mendes, viu sua trama começar a ser exibida uma frente de 34 capítulos já escritos.
Ainda no time de escritores, Luiz Carlos Fusco, a partir de maio daquele ano, começou a colaborar com Cassiano Gabus mendes no roteiro da novela. Além dos dois, o roteiro contou com a pesquisa de texto de Rose Calza e também de Solange Castro Neves.
Como em muitas novelas, Brega & Chique também teve título provisório amplamente divulgado na imprensa, mas que caiu por terra. “Perdas e Lucros” e “Caviar e Goiaba” foram os nomes cogitados para a história de Cassiano Gabus Mendes.
A direção da trama ficou reservada para o saudoso Jorge Fernando. Inicialmente, Jayme Monjardim integraria o time de diretores da novela, entretanto, foi direcionado para Direito de Amar, novela das seis daquela época.
Jorge Fernando se mostrava bem entusiasmado com o desafio, conforme entrevista dada naquele abril de 1987:
– Sílvio [de Abreu, com quem ele trabalhou anteriormente] tem outro estilo de humor, mais feérico e o Cassiano, uma forma de humor mais simples e, por isso, mais difícil de fazer. É um desafio fantástico para mim e sinto que tenho um prato cheio nas mãos, pois precisei reavaliar os meus critérios, criando outro tipo de marcação, alterando o tempo do corte. Procuro interferir o mínimo possível, dando o molho sem alterar a base. Mas sempre com muita paixão, pois não sei trabalhar de outra forma.
DANÇA DAS CADEIRAS NO ELENCO
Não muito diferente de outras novelas daquela época – e desta –, Brega & Chique foi marcada por um “entra e sai” de atores até que que o elenco definitivo fosse montado.
Para começar, Carlos Alberto Ricelli era nome dado como certo na novela. Porém, não pode integrar o elenco da trama por conta do compromisso que assumiu com o filme Jorge, O caminhoneiro, que teve as gravações iniciadas no mesmo período que as de Brega & Chique.
Lucinha Lins também foi convidada para um importante personagem em Brega & Chique, porém, a Manchete, na época, não a liberou para integrar a trama simultaneamente com o programa Lupu Limpim Clapa Topo que ela apresentava na extinta emissora. Seria um feito inédito: uma atriz em duas emissoras no mesmo período. Por fim, caiu no colo de Cássia Kis a personagem que ela interpretaria.
A atriz Bárbara Fazio interpretaria Zilda na novela, porém, segundo a imprensa da época, Daniel Filho solicitou que Nívea Maria encarasse a personagem. Entretanto, Bárbara foi remanejada para outra personagem na novela.
Foto: Acervo/Memória Globo
Ney Latorraca e Bianca Byngton foram outros nomes dados como certos no elenco e que acabaram ficando fora da trama.
Um fato curioso: alguns jornais da época, durante o período de escalações, apontavam Marília Pera como a “brega” da história. Já a “chique” era associada a Glória Menezes.
A expectativa pelo retorno de Marília Pera era grande, afinal há 13 anos ela não fazia novelas, mais precisamente desde Super Manoela (1974). A atriz contou para a imprensa da época sobre o seu afastamento e a expectativa de retorno:
– Embora reconheça a grandeza e a importância da televisão e do cinema, a minha formação e a minha sobrevivência vêm do teatro, por isso a prioridade. Agora, com “Brega & chique”, tive a possibilidade de conciliar o horário do teatro com o da novela. E havia um interesse muito grande e uma série de coincidências que ajudaram: o autor, Cassiano Gabus Mendes, queria que eu fizesse, o Roberto Talma e o Jorge, Fernando – envolvidos como eu em “A estrela Dalva” – também queriam. Estou trabalhando com companheiros de outras épocas como a Nívea Maria, que foi minha irmã em “Uma rosa com amor” -, toda a minha família da novela é ótima e tem a Glória Menezes, com quem vou contracenar muito e pela primeira vez. Tem uma coisa afetuosa das pessoas, que é muito gostosa.
O Globo Repórter do dia 17 de abril de 1987, na sexta-feira que precedeu a estreia de Brega & Chique, exibiu um especial sobre Marília Pêra, uma forma de celebrar seu retorno às novelas, após um hiato de 14 anos.
A TRAMA
Brega & Chique narrou a epopeia de uma mulher rica, afetada e chique e outra simples, bronca e quase brega. Rafaela Alvaray e Rosemere da Silva viviam em bairros geográfica e socialmente distantes da mesma cidade de São Paulo, mas a ironia do destino pode fazer com que elas tivessem em comum muito mais do que imaginavam. Essa é a espinha dorsal de Brega & Chique.
A intersecção dessas vidas começa logo no primeiro capítulo. Frente a sua iminente falência, Herbert Alvaray (Jorge Dória) planeja sua última cartada: simular a própria morte e fugir para o exterior. Não pensa nas consequências para a família – a mulher Rafaela (Marília Pera), os filhos Ana Cláudia (Patrícia Pilar), Teddy (Tarcísio Filho) e Tamyris (Cristina Mullins), além do genro Maurício (Tato Gabus Mendes) e da sogra Francine (Célia Biar) – que subitamente ficará sem nada. Mas lembra-se de proteger Rosemere (Glória Menezes), com quem mantém uma relação sem cobranças e teve uma filha, Márcia (Fabiane Cavalcante), deixando em seu nome uma boa quantia em dólares. Logo que começam as mudanças, as famílias de Rafaela e Rosemere vão se encontrar, desencadeando uma série de situações interessantíssimas na trama.
Como já citado pela diretora do Canal Viva, em entrevista exclusiva para o Bastidores da TV, Brega & Chique é uma das novelas mais pedidas do público. Finalmente, os pedidos feitos foram atendidos.