Coluna: A segunda vez é viciante

Sou viciado em séries. Cheguei num ponto de “neurose” em que assistia a 23 seriados ao mesmo tempo, acompanhando, diariamente, os episódios exibidos na TV a cabo. Já passei vários fins de semana ligado em maratonas daqueles de que eu era mais fã do enredo. Se, no final da história, havia um mistério, queria desvendá-lo logo. A doença era tamanha, que devorei três temporadas de Lost em sete dias. Perdia a noção do tempo, nem precisava saber onde era o banheiro. Comida? Biscoito, iogurte, pipoca, refrigerante. Atualmente, vejo umas dez. Prefiro as com temáticas policiais e sobrenaturais, sobretudo as que têm vampiros como personagens centrais. Tudo culpa da Internet, que facilitou a compulsão e o acesso às produções que demoravam a chegar ao Brasil.

Todo seriemaníaco apresenta os mesmos sintomas. E todos se parecem com os zumbis de The Walking Dead caminhando rumo a mais uma vítima que, neste caso, é indefesa diante de uma estreia, de um início de temporada, de uma season finale, de uma reprise dos capítulos sem intervalo no domingo. A concentração é tão grande que eventos sociais perdem importância. Contudo, o pior indício de um “doente” é prometer a si mesmo que nunca mais irá seguir uma outra série. A regra é quebrada assim que pipocam notícias de uma novidade nos sites especializados. E isso aconteceu comigo nesta semana.

Estou atrasado em Once Upon a Time, The Vampire Diaries, Game of Thrones, True Blood, Revenge, Marvel’s Agents of S.H.I.E.L.D. E não terei tempo, nos próximos meses, para “zerá-las” à espera das novas temporadas. Na segunda, dia 11 de agosto, quebrei meu jejum e a promessa de não acompanhar mais nada na TV, por causa do maldito controle remoto, que nos obriga a zapear, zapear, zapear nos perigosos “trocentos” canais disponíveis. Caí no Multishow, às 22h30, durante a vinheta de abertura da série brasileira “A Segunda Vez”, que trata do mundo da prostituição. Sem pretensões, procurei informações no Santo Google, ao mesmo tempo em que o ator Marcos Palmeira – o protagonista – se imaginava mergulhado com mulheres nuas numa piscina de hotel. Cena persuasiva para uma segunda-feira fria e solitária. O conteúdo divulgado na WEB me conquistou como os hipocondríacos ficam ávidos por medicamentos. Viciei.

Viva a produção brasileira que está ousada e renovada, mesmo tendo uma linguagem própria, diferentemente das caras obras americanas e inglesas. A criação nacional está interessante para os amantes de TV como eu. O script dessa série feita pela Conspiração Filmes traz um tema que virou moda na TV fechada – o universo das garotas de programas -, mas que não desabona a narrativa apresentada no canal em que a vida é feita sem roteiro. A série tem um quê diferente, uma agilidade nos cortes de cenas, e até beijo lésbico, que não deve levantar polêmica para gerar audiência. Afinal, a vida de Raul, um jornalista desempregado que se transforma em cafetão, é muito mais quente e animada ao lado de um elenco formado por Monique Alfradique, Michel Bercovitch, Marcelo Várzea, Priscila Sol, Letícia Persiles, Eline Porto, Nathalia Rodrigues e Camila Lucciola. Pelo que vi, eu curti.

Num outro intervalo, conversaremos sobre seriados brasileiros de que gosto e que podemos ter como assunto comum, como os hilários “Tapas & Beijos” e “Pé na Cova” (Globo), e o instigante “Animal” (GNT), estrelado pelo meu ator predileto, Edson Celulari. Mas isso é assunto para outras crônicas…

Qual o seu vício televisivo? É seriemaníaco? Compartilhe com a gente para buscarmos uma cura! Um abraço e até quarta.

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