Respeito ou incapacidade? Mesmo acabando com o SBT, ninguém tem a coragem de interditar Silvio Santos

Não é de hoje que Silvio Santos dá claros sinais de que precisa ser interditado. No auge dos seus 89 anos, o dono do SBT sofre de bipolaridade quando o assunto é sua emissora. É só o seu canal se consolidar na vice-liderança por muito tempo, que ele não vê com bons olhos o desempenho e como um bom kamikaze tenta matar sua própria história e de sua emissora com atitudes que apenas contemplam o seu ego. E por respeito ou por total incapacidade de sua família e diretores, ninguém jamais teve coragem de dar um basta em tamanha insanidade.

O SBT sempre foi o brinquedinho de Senor Abravanel, não somente nesta quarentena para combater a Covid-19, onde o eterno Homem do Baú teve que retornar ao Brasil antecipadamente de suas férias anuais nos Estados Unidos e ainda ficou proibido de gravar seus programas no CDT da Anhanguera, uma vez que o mesmo está no grupo de risco, além do Patrão não aceitar fazer seu programa sem suas colegas de auditório. Com tanto tempo ocioso e sem nem mesmo poder relaxar no salão do amigo Jassa, Silvio decidiu voltar a fazer o que sempre gostou: brincar de fazer TV, mesmo que com isso derrube a audiência e a imagem do SBT. Faz isso porque adora uma polêmica, bem ou mal sempre gostou de estar na boca do povo e estampando os tablóides de fofoca; outrora, seja público de que ele jamais gostou da imprensa.

Se uns meses antes da pandemia do novo coronavírus, a questionável “lucidez” de Silvio Santos insistiu na exibição do pior programa do mundo, o “Alarma TV”, um jornal latino indigestamente bizarro e com linha editorial inimaginável na TV aberta brasileira, em pleno horário ocupado por atrações infantis, agora nos últimos dias, sua mente fértil teve outras brilhantes ideias suicidas. A última delas foi neste sábado (23), quando ordenou ao departamento de jornalismo que parasse a produção do “SBT Brasil” e que a edição deste sábado não fosse ao ar. Para poupar a imagem do presidente Bolsonaro, governante com quem vive um matrimônio desde sua eleição, o dono do SBT já havia ordenado para sua direção que não era para o jornalismo destacar o polêmico vídeo de reunião ministerial onde Bolsonaro teria ameaçado o ex-ministro Sérgio Moro de demissão e de que interferiria na Polícia Federal para proteger amigos e familiares. Silvio Santos ordenou a reprise do programa “Triturando” de sexta (22), no horário do principal jornal da emissora. A atração foi ao ar após a exibição do “WWE Raw”, programa de luta livre que o apresentador insiste em exibir no SBT, mesmo perdendo para a Band, a Record e a Globo no horário.

Na última semana, Silvio Santos resolveu boicotar o programa infantil da filha número 2, o “Bom Dia e Cia” para sem aviso prévio exibir a reprise compacta do jornal “Primeiro Impacto” durante 3h15. O fiasco foi tão grande na audiência e na imagem do canal que o repeteco foi cancelado dois dias após o “surto psicótico” do dono da emissora. Outra faixa que também vem sofrendo com o humor do Patrão é o das 15h15 às 17h30. O “Fofocalizando” mudou para “Triturando”, alterou a metade do seu elenco e ao invés de noticiar informações do mundo da fama passou a triturar as fofocas de outros canais e programas de TV, divulgando gratuitamente a concorrência. A audiência desabou e a Band novamente foi uma das maiores beneficiadas. O “Fofocalizando” deve retornar já nos próximos dias ou quando e se, Silvio Santos ordenar.

Com as mudanças dos últimos dias, o SBT chegou no fim do poço, chegando a perder por inúmeros momentos para a Globo, Record, Band, RedeTV! e TV Cultura. O plano kamikaze surtiu efeito. Outras mudanças na grade devem ocorrer em breve e Silvio Santos já pode se considerar vitorioso, não pelo seu inquestionável legado, mas principalmente pela inércia de sua esposa, filhas e diretores do SBT. Para poupar sua vida, ao risco eminente de contrair o novo coronavírus, Silvio Santos permanece em casa isolado mas com acesso irrestrito de internet e telefonia. Basta uma ligação para que ele transforme sua emissora num cabaré de última categoria.

Seja pelas últimas mudanças repentinas ou quando ele mandou colocar no ar um programa de pseudo jornalismo totalmente avesso a uma emissora que se intitula o canal da família brasileira; Silvio Santos há muito tempo já entrou para a história como um mito televisivo por tudo que já fez na comunicação brasileira, mas com todo respeito que o apresentador merece, seu comportamento dá sinais de insanidade mental ou de simples desapego ao império construído. Suas atitudes norteiam um único caminho: Silvio Santos aparenta querer levar consigo para o túmulo tudo que ele construiu em quase nove décadas (mesmo já tendo repartido a herança). O filho de sangue  que Silvio nunca teve se materializou com a criação do SBT e são exatamente esses quase 39 anos de paternidade que ao apagar das luzes do seu criador pode se tornar uma nova Rede Manchete (em memória).

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*Escrito pelo jornalista Júlio César Fantin – Bastidores da TV

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