“SBT Brasil” chega aos 15 anos em agosto, sem novidades e com liberdade ameaçada – A censura além do Carnaval

Há nove anos, impulsionada pelo Carnaval, Rachel Sheherazade, sequer imaginava que daria o maior passo de sua carreira jornalística, ao criticar severamente o Carnaval no Brasil, durante comentário em um jornal local da TV Tambaú, em João Pessoa (PB). A âncora paraibana foi vista por Silvio Santos através do vídeo do comentário que viralizou na internet e ordenou a contratação imediata da jornalista para comandar o novo “SBT Brasil”. Por muito tempo, ela dividiu a bancada do telejornal com Joseval Peixoto (deixou a emissora em dezembro de 2017) e Carlos Nascimento (até hoje no comando). Ao anunciar a contratação de Rachel, durante o “Programa Silvio Santos” de 03 de abril de 2011, o apresentador parabenizou a jornalista pela coragem e pelo excelente comentário.

Até 2014, o “SBT Brasil” revolucionou o jornalismo com sua editoria opinativa. O programa chegou a vencer o “Troféu Imprensa” em 2014 como “melhor telejornal da TV brasileira”. O prêmio foi recebido pelo trio Rachel Sheherazade, Joseval Peixoto e Carlos Nascimento – das mãos de Silvio Santos em 2015. O apresentador ficou impressionado com a vitória diante do “Jornal Nacional” e resolveu sabotar a própria emissora. Ordenou o fim dos comentários de Rachel Sheherazade e posteriormente de todo o jornal, atendendo principalmente a pressão política.

De lá pra cá, o “SBT Brasil” perdeu relevância para o brasileiro. Tornou-se uma espécie de “mais do mesmo”. Se em 2013, Rachel novamente criticou o Carnaval, desta vez em rede nacional, afirmando que sua “fúria valeu a pena”, passados quase 15 anos da estreia do “SBT Brasil”, a máxima “tudo vale a pena se a alma não é pequena”, muito se aplica à bipolaridade de Silvio Santos. O homem que revolucionou o jornalismo com a estreia de âncoras e não de meros leitores de teleprompter, descobriu o novo, investiu nele, mas lamentavelmente se deu como derrotado ao ser pressionado por grupos políticos e grandes empresários. Outrora, no ano passado, ao ser provocado pelo empresário Luciano Hang (Havan), que publicamente pediu a demissão se Rachel Sheherazade, a quem acusa de traidora e comunista, Silvio Santos resolveu blindar a jornalista e não a demitiu.

Inspirado no grande sucesso da TV brasileira, o saudoso “TJ Brasil” com Bóris Casoy que revolucionou a TV em 1988, o SBT estreava em 15 de agosto de 2005, sob o comando da jornalista Ana Paula Padrão, em horário nobre, o “SBT Brasil’ , que atualmente é ancorado por Carlos Nascimento e Rachel Sheherazade, das 19h45 às 20h30. O jornal passou a ser transmitido em alta definição em 2016, mas foi apenas em 2019 que a redação foi enfim reformada para gerar um programa em HD, com câmeras de alta definição. A reformulação deu uma leve mudança no estúdio, com novas vinhetas e identidade visual. E para quem espera que os 15 anos do “SBT Brasil” tragam daqui seis meses importantes novidades, melhor não criar expectativas desnecessárias. A assessoria de imprensa do SBT afirma ao Bastidores da TV que a emissora só realiza mudanças significativas em estúdios e em sua identidade visual a cada cinco anos. Sendo assim, o telespectador do jornalismo deve ter apenas novidades de impacto em agosto do ano que vem, quando a emissora completa 40 anos.

Até o ano que vem ou até o momento em que Silvio Santos mudar de ideia, não haverá qualquer mudança no formato e a presença do âncora passou a ser apenas um fato da história do canal. Com diversas demissões nos últimos anos, o jornalismo do SBT não se reinventou e a mordaça colocada por Silvio Santos em ”jornalista que fala demais” continua cada vez mais presente na emissora. Censura? Para o SBT, tudo faz parte de um jogo pela própria sobrevivência. Aliás, falando no canal, nem tudo pode estar perdido. Fontes de dentro do SBT apontam a mudança de direções para os próximos meses e anos. A filha caçula do homem do Baú, a executiva Renata Abravanel, assume a presidência do Grupo Silvio Santos com forte tendência em modernizar o SBT. Um dos seus pilares é o investimento em jornalismo ao vivo.

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