Visão bipolar de Silvio Santos atrapalha audiência do SBT na quarentena contra o Covid-19

Todas as grandes redes de televisão do país cancelaram a maioria de suas produções, com exceção do jornalismo, como forma de evitar a propagação da Covid-19, pandemia que já causou mais de 30 mil mortes ao redor do mundo. O SBT, mesmo com forte apelo no entretenimento, com diversos programas de auditório, também segue a recomendação das autoridades sanitárias e nomes como Silvio Santos, Carlos Alberto de Nóbrega e Raul Gil seguem em casa. Continuam ao vivo os jornalísticos “Primeiro Impacto” e “SBT Brasil”, além de edições inéditas do “Conexão Repórter” e do “Poder em Foco”. O programa ”Fofocalizando”, exibido às tardes, também continua ao vivo, contando com a participação do jornalismo da emissora, em diversos momentos – o mínimo para não ser tão trágico.

Em meio a quarentena de milhões de brasileiros, no entanto, diante de um acontecimento de proporções catastróficas como a pandemia que parou o Brasil e as maiores economias do mundo, colocando em prova também seus sistemas de saúde que inevitavelmente vêm entrando em colapso, a emissora de Silvio Santos resolveu tratar o novo Coronavírus, assim como o presidente Jair Bolsonaro, como uma simples “gripezinha”. Com uma grade repleta de reprises, o único bom resultado da emissora nos últimos dias é sua programação de domingo que chega a abrir 3 pontos de vantagem da Record TV, sua principal concorrente pela vice-liderança.

De segunda a sexta-feira, o jornalismo da Record TV, principalmente das 12h às 15h e das 17h às 20h, dá de lavada na programação do SBT. Nem mesmo o “Fofocalizando”, programa de fofocas que quando quer também fala superficialmente de jornalismo, como vem ocorrendo com o Covid-19, chega a dar fôlego para o vexame. Com a reprise do “Casos de Família” e a exibição de duas novelas latinas, a emissora de Silvio Santos vem perdendo a terceira posição no horário com certa frequência para o “Brasil Urgente”, da TV Bandeirantes.

Aliás, mesmo que seja muito cedo para se ter uma base mais aprofundada sobre o “Alerta Nacional”, se o SBT e sua direção não tomarem uma atitude rápida, em pouco tempo a emissora perderá o quarto lugar, na faixa das 18h às 19h45 para a RedeTV! e seu “Alerta Nacional”. O resultado só não é pior porque algum inteligente da RedeTV! vendeu a faixa das 17h às 18h para a Igreja Universal, fazendo com que Sikeira Júnior herde o horário próximo ao zero em audiência.

Para cortar gastos, Silvio Santos ordenou nos últimos meses a extinção do “SBT Notícias”, um jornal ao vivo que mudou o hábito do telespectador em acompanhar informações durante a madrugada. A atração fez a Globo antecipar seu “Hora Um” para às 4h, a Record hoje começar seu “Balanço Geral” às 5h e a Band lançar o “Primeiro Jornal” às 3h45. No SBT, Silvio orquestrou uma maratona de “Primeiro Impacto”, com três blocos de apresentadores, das 04h às 10h30. Após seis horas e meia de notícias, no entanto, o jornalismo só volta a ser lembrado nove horas e quinze minutos depois com o “SBT Brasil”. Ao término do principal jornal da emissora, o telespectador do SBT só terá informações do jornalismo sete horas e quinze minutos depois quando o canal exibe a reapresentação do jornal, um desserviço num momento em que as informações mudam a cada minuto.

Se diariamente, o SBT já se acostumou em ser vice na média 24h, sendo ultrapassado na média-dia (07-00h), de segunda a sexta-feira, pela Record em SP, por outro lado, o comodismo do canal já o joga nos dias de semana para o quarto lugar em audiência na Grande SP entre o final da tarde e o início da noite. O que salva a rede são as afiliadas e algumas praças próprias que diferente da cabeça de rede investem em jornalismo local. Se nem mesmo em tempos atípicos onde o Brasil e o mundo passam por um temor sem precedentes e que o telespectador prioriza a informação, a emissora não encontrou uma forma inteligente de adaptar sua grade para a nova realidade, imagine quando o mundo voltar à normalidade.

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