Coluna: Música sertaneja domina a telinha

Olá, ilustre leitor (a). Muito obrigado por acompanhar esta coluna que preparo especialmente para você que curte conversar sobre assuntos da televisão. Nesta semana, quero comentar um fato que aconteceu comigo no passado, para dar o tom deste papo. Vamos lá?
Quando me mudei para Belo Horizonte, rapazote, inocente (#sqn), bom moço, estranhei o ambiente maluco da capital mineira. Para me enquadrar em alguma tribo, tive de fazer algumas mudanças no estilo de vestir, no jeito de conversar, nos gostos pessoais, principalmente, em relação à minha preferência musical. Afinal, ninguém que encontrei pelo caminho gostava de música sertaneja, a preferida das rádios e dos moradores de Bom Despacho, onde nasci e vivi até os 18 anos. Mantive um voto de silêncio nas rodas dos amigos, mas em casa escutava os singles no talo. E como canta Rita Lee, “um belo dia resolvi mudar. E fazer tudo o que eu queria fazer. Me libertei daquela vida vulgar” para assumir que eu sou um brasileiro apaixonado por música caipira e também pelas letras das duplas que surgiram nos anos 1990, do sertanejo universitário e das variedades que misturam eletro e arrocha. Sou daqueles que ainda compram CDs para baixar o álbum completo no IPOD e jogar no modo aleatório. Curto, compartilho o assunto, além de comentá-lo nas redes sociais. E, claro, vou aos shows dos artistas que admiro.
Essa história introdutória é para mostrar que eu sou um dos muitos milhões de fãs do gênero musical mais típico do Brasil. Sou, contudo, um dos poucos que admite isso publicamente, mesmo diante da natureza do mercado fonográfico que só cresce e que apresenta, constantemente, outros talentos, detentores de vendagens animadoras para a indústria musical. Os shows sempre lotados de meninas e de “peões”, com faixas e cartazes declarando amor aos artistas revelam também que existe uma contradição entre as pesquisas informais – estas que dizem que sertanejo é brega e que ninguém ouve – e a realidade constatada social e economicamente.
Na TV, a prova são os programas com esse conteúdo voltado para o público anônimo que fica em casa, fingindo que não ouve o estilo, e para quem é sertanejo com genética. Eles agradam, há muitos anos, não é mesmo? Vamos aos dados:

Desde 1980, Inezita Barroso apresenta, na TV Cultura, o “Viola, Minha Viola” – uma das maiores audiências da emissora pública –, para ser apenas um primeiro exemplo da minha análise nada científica. No SBT, a cantora e atriz, quase nonagenária, já teve uma atração que levava seu nome, sendo protagonista como apresentadora do estilo também em outros canais, desde o surgimento da Tupi, a primeira TV brasileira;
Atualmente, temos outros dois exemplos no ar, que se destacam nacionalmente: sob o comando da dupla Chitãozinho & Xororó, com o apoio de Hugo & Tiago e Helen Ganzarolli, o “Festival Sertanejo” é um reality show musical do SBT, e o “Bem Sertanejo”, ancorado por Michel Teló, é dos quadros que bombam no “Fantástico”. A emissora de Silvio Santos quer revelar talentos com a ajuda de artistas consagrados que se alternam em cada novo episódio exibido nas noites de sábado. Na Globo, no domingo, o intérprete do sucesso mundial “Ai se eu te pego” dá uma fugidinha dos palcos para conversar com os astros da música sertaneja, com o intuito de revelar o que rola nos bastidores de suas vidas particulares;

E, para encerrar a prosa, cito ainda a atração da TV Aparecida, com Padre Alessandro Campos, o sacerdote sertanejo, que comanda o “Aparecida Sertanejo”, e da Band, em que o cantor Juliano Cézar é o líder do “Roda Sertaneja”.
O brasileiro ama música sertaneja. E a televisão mais ainda, a favor do público fanático por Daniel, Fernando & Sorocaba, Paula Fernandes, Victor & Leo, Luan Santana, Lucas Lucco, Jorge & Mateus, Zezé di Camargo & Luciano, Leonardo, Gusttavo Lima, Cristiano Araújo, Chitãozinho & Xororó, Michel Teló, Milionário & José Rico…e uma lista extensa que domina essa onda caipira e suas adaptações modernas.

Quem gosta, por favor, comente. Quem não curte, desça a lenha. De todo jeito, o debate pode dar uma moda de viola. Um abraço cordial.
Juliano Azevedo
Jornalista e professor universitário. Chefe de Redação da TV Alterosa/SBT Minas
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