Coluna: Geração Brasil ou Geração Elite?

Há umas semanas atrás, eu havia comentado sobre as novelas das sete da Rede Globo. A que mais prometia sucesso era “Geração Brasil”, mas, depois de duas semanas no ar, estamos vendo que “Geração Brasil” não está elevando os índices de audiência que haviam sido marcados. Mesmo que a novela tenha recebido um “legado maldito” de “Além do Horizonte”, deve-se salientar que a atração das sete está recebendo do Jornal Local (em SP: SPTV) nos 22 pontos, assim, a tarefa de Elevar para uns 25 a 28 pontos seria fácil. Mas não está sendo, pois o folhetim atual conseguiu marcar menos que o Jornal Local, e pior: menos que a trama das 18h, “Meu Pedacinho de Chão”.

Por isso, devemos destacar que alguma coisa está errada na novela. Mas não são só algumas, e sim várias coisas que estão erradas neste produto de dramaturgia.
Em primeiro lugar, a história não está tendo um caráter popular. Mas aí os diretores da Globo podem me contestar e dizer: “mas internet é popular e temos o MC Guimê na trilha sonora”. Entretanto, ao mesmo tempo, eu acabo destruindo os argumentos da emissora, dizendo: “mas internet não atrai a dona de casa e MC Guimê é para o público jovem”. Aí os diretores vão querer me contestar e dizer: “mas ‘Cheias de Charme’ teve internet, músicas jovens, fez sucesso e são dos mesmos autores de ‘Geração Brasil'”. E aí acabo com tudo e digo: “mas ‘Cheias de Charme’ teve um tema central que atrai a massa, que eram as empregadas.
“Cheias” fez sucesso pois mostrou a realidade na TV. Desenvolveu em um folhetim a vida de diversas empregadas domésticas, babás, porteiros, diaristas, entre outras atividades que são consideradas por muitas pessoas preconceituosas como trabalhos inferiores. A novela então exaltou a moral de todos estes profissionais, mostrando que eles são “gente como a gente”. A novela ainda tinha um plano de fundo musical, que era focado no sertanejo, no tecnobrega (que estava no auge) e no samba. Somente músicas de temática popular.
Já “Geração Brasil” é uma novela mais elitizada do que popular. Enquanto a novela das “Empreguetes” tinha tecnobrega, sertanejo, forró e samba, a “Geração” tem como foco o “funk ostentação”, o rock, o indie (com aquela banda, que dá vontade de dormir, chamada “NavegaBeat”) e algumas músicas internacionais antigas.
Além disso, a internet, que era tratada como um tema secundário em “Cheias de Charme”, passou a ser o TEMA PRINCIPAL de “Geração Brasil”. Muitas vezes a dona de casa não quer saber de TECNOW, MarraPhone, Parker TV, Jonas Marra, Repórter Shin, reality show com avatarzinhos chamado “Geração Brasil”, Plugar e o seu ódio por sistemas operacionais produzidos por empresas capitalistas, “NavegaBeat” e sua única música que tem o poder de fazer a pessoa dormir (quero fechar a ferida, quero estancar o sangue, etc).

Eu até assisto e gosto de “Geração Brasil”, mas ela não tem apelo popular. Parece que contrataram gente da MTV para produzir uma novela.
Também devemos destacar o fato de que existem muitos núcleos dispersos, o que prejudica o andamento e a agilidade da história. Em um minuto a novela está em São Paulo, em outro está em Recife, em outro está no Rio de Janeiro, em outro está em São Francisco (EUA).
Além disso, há uma falta de história para fazer ela durar mais de 7 meses. Vamos pensar: toda a trama se condensa em Jonas Marra e o seu império de tecnologia. Se o público rejeitar essa história e clamar por uma redução expressiva da carga de modernidade na novela, como ela irá continuar se o argumento é falar sobre o mundo da tecnologia?
O núcleo popular da novela não é tratado com a devida dimensão em que deveria ser abordado. Muitos personagens só têm uma ou duas “micro” falas por capítulo, e olha que tem muitos personagens que poderiam ir melhor, como o Barata (Leandro Hassum), o Pescoço (sei que o personagem desse ator, chamado Nando Cunha, não se chama Pescoço, mas ele fez tão bem esse personagem em “Salve Jorge” que vou chamar ele assim mesmo), aquela periguete interpretada pela Ana Terra , entre outros.

Também está tendo uma falta de interação musical entre os personagens. Por exemplo, “As Empreguetes” faziam um sucesso gigantesco com clipes, que eram exibidos dentro da novela, mas a “NavegaBeat” não tem atrativos populares e canta suas músicas só nas apresentações, não tendo nenhum clipe. Além disso, a banda do irmão da Manoela não tem um repertório denso como o das “Empreguetes”.

A comprovação que a novela não conquistou o público mais adulto está dentro de minha casa. Minha família prefere assistir ao “Cidade Alerta” durante o horário de “Geração Brasil”.
Concluindo: mais uma vez a Globo apostou em uma história com temática jovem, mas não deu certo. Temos que aprender que horário das sete é de comédias para donas de casa. Acho que o horário só voltará ao normal com Lady Marizete, que falará sobre o Paraisópolis e mostrará a realidade de vários moradores de comunidades carentes.
Além disso, faltando um mês para o folhetim “Geração Brasil” estrear, a Globo não falava dela. Passavam chamadas sobre a fictícia empresa de tecnologia “Marra”. O melhor era uma chamada sobre a história da novela.
Sem Mais. Semana que vem eu mostrarei mais uma crônica do Datena, de como foi o encontro dele com a Dilma Rousseff.
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